A palestra “Uso saudável das novas tecnologias” ofertada pela Escola do Legislativo a cerca de 60 alunos do programa Parlamento Jovem na tarde desta quarta-feira (28) deu oportunidade para que os jovens participantes questionassem sobre a falta de capacidade que enfrentam para lidar com as frustrações e tristezas da atualidade, ao contrário da geração passada. O momento, conduzido pela psicóloga clínica para adultos e crianças, Marília Souza, se tornou revelador, uma vez que os jovens se sentiram a vontade para falar sobre barreiras que encontram no diálogo em casa com os pais e sobre como as tecnologias preenchem o espaço de suas vidas ao apresentar uma “realidade editada”, trazendo frustrações quando essa “realidade virtual” não é a mesma que os jovens presenciam consigo mesmos.
A palestra faz parte das atividades do PJ Minas deste ano, que tem como temática central ‘Saúde Mental’ e o desafio de preparar os jovens para elaborarem propostas de lei que devem votadas em sessões plenárias com outros jovens da região do Triângulo Mineiro e Alto Paranaíba e do estado de Minas. O programa é uma realização anual da ALMG, em parceria com as câmaras municipais do estado, que visa preparar os jovens para o debate público de temas atuais que afetam, especialmente, o público mais jovem e capacitá-los quanto ao conhecimento e construção das políticas públicas.
O evento, coordenado pela equipe da Escola do Legislativo, contou com a presença dos vereadores Walquir Amaral (SD) e Sargento Ednaldo (PP).
De modo particular, a psicóloga e palestrante da tarde, Marília Souza explicou que, com a experiência no atendimento clínico, se percebe os problemas com o uso da tecnologia em todas as fases e como essa prática tem afetado a saúde mental das pessoas.
A despeito dos benefícios e das transformações positivas trazidas pela tecnologia para o desenvolvimento da sociedade, que também foram abordadas na tarde de hoje, como a criação da máquina para resolver equações de polinômio sem utilizar multiplicação ou divisão em 1822 e o primeiro envio de mensagem datado em 1969 a uma distância de 648 quilômetros nos Estados Unidos, Souza chamou atenção para o mau uso ou o uso inadequado da internet.
A profissional reconheceu o papel da internet na divulgação de informação, que hoje é maior do que toda informação acumulada em toda a história da humanidade, e é conhecida como a quarta revolução industrial. Também reconheceu o alto desempenho científico alcançado por meio das novas tecnologias, principalmente no campo da medicina e da saúde, ajudando a decodificar informações, possibilitando os atendimentos clínicos online, cirurgias robóticas, prontuários eletrônicos, entre outros. Contudo, Souza trouxe a realidade dos transtornos comportamentais verificados com o uso contínuo, e especialmente excessivo, dos smartphones e da vida ligada em frente às telas de acesso.
A questão colocada foi o entretenimento por meio da tecnologia e como os jogos digitais afetam a concentração para os estudos. A falta de concentração nos estudos e no trabalho está na liberação do hormônio chamado dopamina, um neurotransmissor que comanda emoções processos cognitivos, função cardíaca, o aprendizado, a capacidade de atenção e até os movimentos intestinais. Ao se expor a jogos eletrônicos e redes sociais, a dopamina é liberada, conforme explicou Souza, e à medida que essa exposição é desmedida, não há como os jovens se saciarem com tamanha descarga do hormônio, afetando a concentração e, por conseguinte, os estudos.
O que fazer com crianças e jovens usando a tecnologia?
Para a psicóloga clínica para adultos e crianças, Marília Souza, é preciso ter o uso consciente da tecnologia em casa, com os pais organizando a agenda dos filhos e os filhos cumprindo as metas de usar aparelhos tecnológicos somente nas horas vagas, por exemplo.
O sono é outra questão preocupante, uma vez que a indisposição ou sonolência durante o dia está associada ao uso de aparelhos de tela tecnologia na noite anterior, seja para jogar, seja para estar nas redes sociais. “Se fica até tarde na tela com a luz está prejudicando produção da melatonina”, disse Souza ao se referir ao hormônio que ajuda a promover o início do sono.
Sobre o questionamento de uma jovem quanto a não abertura em casa para o diálogo com os pais, a psicóloga sugeriu aos alunos que iniciassem esse diálogo, “olhando para dentro” e realizando mudanças no meio onde vivem.
Os aspectos negativos do uso contínuo ou excesso das novas tecnologias como os smartphones foram abordados como físicos, trazendo problemas na coluna cervical, sedentarismo, falta de conscientização sobre uma boa alimentação e mental, com a geração de ansiedade e depressão ao buscar atender padrões de estética e avaliações positivas de outros nas redes sociais. “Tem recursos psicológicos para lidar com a reação negativa das redes sociais?”, questionou Souza, ao lembrar horrores com comportamentos auto lesivos promovidos pela internet, a exemplo da ‘baleia azul’.
Mais informações foram passadas aos jovens nessa tarde. Confira a palestra na íntegra no canal da Câmara Municipal de Uberlândia no Youtube ou pelo link direto: https://bit.ly/3LrOhFT
Fonte: Departamento de Comunicação (Emiliza Didier)