A Câmara de Uberlândia realizou, na tarde desta seguda-feira (21), a audiência pública “Reflexões sobre a educação e a relação entre animais humanos e não humanos” para discutir a publicação desta temática em uma guia da educadora e professora Aleluia Heringer Teixeira e os meios educacionais para que se possa alcançar a consciência quanto aos bons tratos aos animais. O evento foi promovido pela vereadora Liza Prado (MDB), relatora da Comissão de Meio Ambiente e Defesa Animal, e contou com a presença de educadores, protetores e autoridades ligadas à área de proteção animal e atendimento veterinário.
De acordo com a parlamentar, o intuito com a audiência foi o de promover o cuidado e a relação ética dos animais humanos com os não humanos, primando pelo princípio de que “todo ser tem o direito de existir”. Na relação de defesa, pontua Prado, os animais precisam de leis que lhes assegurem a punição contra maus-tratos, já que não podem verbalizar seus sentimentos para se defender.
Aleluia Heringer Teixeira fez uma abordagem do guia de sua autoria, “Animal não humano: presente! Reflexões sobre educação e a relação entre animais humanos e não humanos”, para despertar o papel da educação na melhoria e luta pelos direitos dos animais. Com uma informação de que 70% das novas doenças, constatadas desde 1940, são de origem animal, Heringer disse ser necessária uma grande abrangência educativa para um projeto de longa duração que venha englobar o relacionamento dos seres humanos com outras espécies, numa visão de ecossistema que busca rever práticas na vida e na escola.
A educadora explicou também que o guia busca romper com o pacto que, inconsciente ou não, legitima a exploração do outro ser que não é humano. Entre as novas práticas está o incentivo a não comprar animais, mas ensinar as crianças a adotar animais e desfazer os velhos costumes que não respeitam o direito de vida dos animais, como a venda do animal pelas rifas, pescaria com saquinho de peixinhos, dentre outros.
O diretor do Zoológico Municipal de Uberlândia, Amado Silva Junior, esteve presencialmente na audiência e falou sobre o projeto de castração na cidade, que durante treze anos realizou a castração de mais de 18 mil animais e agora está sendo reformulado para iniciar com a castração de 5,4 mil animais se seguir com a castração anual de dois mil seres não humanos. Outro projeto é o da criação de uma Diretoria de Bem estar Animal, que está sendo conduzido pela Secretaria de Meio Ambiente e terá uma abordagem educacional com ensinamentos, em escolas públicas e privadas que estimulem mudanças no convívio com os animais.
Ainda sobre iniciativas, de acordo com Silva Junior, será implementado, pelo município, um atendimento clínico e cirúrgico para atender 15 ONG’s na cidade e mais de 120 protetores já cadastrados no Zoológico. Segundo o diretor, esse atendimento visa aliviar o sofrimento dos protetores que fazem resgate e estão envidados em clínicas da cidade.
A coordenadora fiscal de Maus Tratos aos Animais e protetora, Maria Aparecida dos Anjos, falou sobre sua participação na criação da Associação Protetora de Animais – APA e da necessidade de se tratar de forma sistêmica e global a questão dos maus tratos. Pela experiência acumulada, dos Anjos, disse que “falta sensibilidade entre o que seria os direitos dos animais e os conceitos ultrapassados do direito” e que é necessário decodificar o “idioma” dos animais, entendendo seus direitos. Entre as práticas absurdas que já presenciou, a advogada citou o transporte com animais vivos, muitas vezes em condições extremas de clima e estresse, que passam por sofrimento incalculável quando são vítimas de acidentes nas estradas e ainda contam com a desumanidade de pessoas que se apossam desses animais acidentados sem qualquer sensibilidade.
A presidente do Conselho Municipal de Educação, Carla Barbosa Alves, disse que no final do ano passado, o prefeito da cidade, Odelmo Leão convocou o Dmae, a Secretaria de Meio Ambiente e o Conselho para coadunar ações de educação ambiental. A abordagem será mais expansiva que o atual modelo de abordagem transversal na sala de aula e deverá atender desde a educação infantil até o 9º ano do ensino fundamental e o EJA do ensino fundamental. Através da Política municipal de educação ambiental e o sistema municipal de educação ambiental, instituída pelo Decreto 19.642/2022, a prefeitura passou a trabalhar o tema de forma mais sistematizada nas escolas para estimular estudantes e comunidade escolar no desenvolvimento de valores que permitam uma integração mais plena numa cultura planetária e sistêmica.
Mais representantes dos protetores e da educação falaram na audiência.
A audiência completa pode ser conferida pelo link: https://bit.ly/3wxvJPQ
Fonte: Departamento de Comunicação (Emiliza Didier)