A Escola do Legislativo deu sequência ao projeto “Grupo de Estudos sobre o Oriente Médio” e realizou mais uma palestra na tarde desta quarta-feira (15), com o título “O conflito árabe-israelense e sua vertente israelo-palestina”, proferida pelo pesquisador e professor de doutorado do curso de pós-graduação do Núcleo de Estudos de Diversidades e Intolerâncias da USP, além de autor do livro “EUA e Israel, uma aliança em questão”, Samuel Feldberg. A palestra abordou aspectos históricos dos povos palestinos, sua atuação geográfica do norte da África até o Irã, sua importância central no fornecimento de petróleo ao mundo, os conflitos religiosos que envolvem os grupos mulçumanos sunitas e xiitas e a Primeira Grande Guerra Mundial como pano de fundo para criação do Estado de Israel.
Um pouco de história geopolítica com Feldberg
Feldberg conduziu a palestra com a exibição de imagens e mapas para melhor compreensão dos participantes, abordando conceitos básicos do conflito árabe-israelense, com o intuito de olhar o passado e analisar o que acontece hoje no cenário global. Sobre os fatos atuais, o professor pontuou a crítica quanto à propagação do número de vítimas que envolvem os conflitos na Faixa de Gaza, ao considerar que os judeus se preocupam fundamentalmente com a segurança de sua população, enquanto aos palestinos procuram causar maior dano aos civis, não se importando com a segurança de seus próprios povos.
Além de especificar a área geográfica do Oriente Médio, num território que abrange do norte da África até o Irã, nas bordas a Ásia central e que inclui, basicamente, toda área conhecida como a Penísula Arábica, o professor mostrou a importância econômica da região: um local que abriga uma das maiores reservas petrolíferas do mundo, o que explica muito da colonização dos povos no decorrer histórico.
A religião é um aspecto primordial, causa de conflitos entre os próprios mulçumanos, divididos entre os sunitas e xiitas, que duram mais de um mil e quinhentos anos.
A Primeira Grande Guerra Mundial e seus desdobramentos se apresentam como reveladores na dissolução de grandes impérios, afirma o pesquisador, como o Austro-Húngaro e o Czarista e criação de uma “infinidade de países”, o que faz exportar o conceito de “autodeterminação dos povos” para toda região, como explicou o professor.
Com a queda desses impérios e a consolidação Inglaterra e da França como potências vencedoras da guerra, a região de atuação dos turcos otamanos é dividida em área de influência para controle do petróleo explorado às margens do Golfo do Pérsico e da costa do mar mediterrâneo, região de onde o petróleo seria transportado pra consumo na Europa.
A divisão de terreno entre ingleses e franceses vai ser um foco de conflito, que tem como origem a promessa dos ingleses ao povo árabe de se criar um estado árabe independente depois do final da guerra. Povos de distintas composições abrigam a região, tendo um povo de civilização persa ancestral ao leste e essas diferentes etnias levaram a uma tensão durante a Primeira Guerra Mundial, em que árabes aproveitaram da invasão inglesa para se aliarem aos ingleses, numa tentativa de se criar um estado árabe independente. Ao término da guerra, diferenças entre ingleses e franceses não permitem que estado árabe seja criado e assim as duas grandes potências vão criar vários estados independes conhecidos hoje na região: Iraque, Síria, Líbano e, o que na época era conhecida como a Transjordânia, se transforma em países que sem uma identidade local.
A origem do Estado de Israel
Ao final guerra, os ingleses, temendo a influência da comunidade judaica nos EUA junto ao governo americano para se envolverem na guerra, prometeram para a liderança judaica a criação de um lar nacional judaico na palestina, conhecida na Inglaterra como Declaração Balfour, no território em que os ingleses tinham conquistado dos turcos otomanos. A declaração foi entendida como uma promessa de criação de um estado judeu num local onde os judeus haviam sido independente há dois mil anos atrás, antes dos romanos terem destruído o templo de Jerusalém e terem criado a chamada diáspora judaica.
A palestra, na íntegra, já se encontra no canal da Câmara Municipal de Uberlândia no Youtube ou pelo link: https://bit.ly/326hx38
Fonte: Departamento de Comunicação (Emiliza Didier)