Na audiência de encerramento da Comissão Parlamentar de Inquérito que investiga possíveis irregularidades nas aplicações de recursos do Instituto de Previdência dos Servidores do Município de Uberlândia, Ipremu, entre os anos de 2013-2016 foram ouvidos o do ex-prefeito de Uberlândia, Gilmar Machado e o gerente da Caixa Econômica Federal, Gilmar Passos, responsável pelas contas do Ipremu no banco.
Passos foi o primeiro depoente a ser ouvido. Ele respondeu às perguntas feitas pelo relator, vereador Juliano Modesto (SD) e relatou que, até 2012, a CEF detinha 79,32% dos recursos aplicados em fundos do Ipremu, algo em torno de R$ 300 milhões, composição essa que passou a mudar partir do ano de 2013, quando do início da gestão Gilmar Machado.
O gerente disse também que, pela experiência e responsabilidade que pesa sobre a Caixa Econômica Federal, por ser esta a maior instituição detentora dos ativos previdenciários do país, orientou o Instituto, na pessoa do ex-superintendente, Sr. Marcos Botelho, quanto à retirada de dinheiro do banco.
Sobre a transferência de recursos de fundos do instituto para aplicação em bancos menos prestigiados em outubro de 2016, pergunta esta que pautou as oitivas até agora realizadas por gerar desconfiança por parte dos membros da CPI, Passos confirmou a retirada de valores em torno de R$ 30 milhões naquela época, que foram investidos numa instituição desconhecida e assinalou que orientou a não retirada pelo fato da Caixa possuir as menores taxas do mercado.
Sobre a empresa Di Mateo, que prestava consultoria quanto às aplicações que foram realizadas entre os anos de 2013 a 2016, Gilmar Passos disse que praticamente todas as prefeituras contratam uma consultoria para investimentos em fundos previdenciários e que a Di Mateo é muito conhecida no mercado e atua em várias localidades.
Meia hora depois do primeiro depoimento, o ex-prefeito Gilmar Machado tomou assento frente à CPI. Ele atribuiu ao ex-superintendente do Ipremu, Marcos Botelho, a escolha da equipe para atuar no instituto e no Comitê de Investimentos.
Gilmar Machado disse não saber quanto tempo o Município deixou de recolher a contribuição patronal nem quantas vezes foi notificado por isso e atribuiu ao ex-superintendente do Ipremu e à Secretaria de Finanças tal acompanhamento das dívidas. Machado voltou a ser questionado sobre ter sido alertado por Passos sobre a retirada de recursos do banco e ele se defendeu usando o argumento de ingerência no pedido da Caixa para interferir na aplicação de fundos do Ipremu.
Gilmar Machado não assumiu qualquer responsabilidade quanto às ações do Ipremu, dentre elas também os três investimentos contratados em outubro do ano passado acima do limite legal de 25% do valor líquido do fundo, o que impossibilitou, pela alegação da prefeitura, a regularização do Certificado de Regularização Previdenciária – CRP.
No encerramento dos trabalhos, em entrevista à imprensa, o presidente da CPI, vereador Wilson Pinheiro, declarou que o depoimento do ex-prefeito não acrescentou nenhuma informação e demonstrou da parte dele, desconhecimento sobre as ações dentro do Ipremu.
Agora, encerrada a fase de coleta de depoimentos, o material será enviado ao relator, vereador Juliano Modesto, para elaboração do relatório para apresentação aos membros da CPI até 9 de julho.
Comunicação CMU