O depoimento de ex-funcionários do setor de Finanças do Instituto de Previdência da Prefeitura de Uberlândia, Ipremu, e de três antigos integrantes do Comitê de Investimento do órgão concedido na tarde de ontem (26) aos membros da CPI, durou cerca de três horas. Ao todo, foram ouvidas seis testemunhas que respondiam a perguntas sobre votação favorável ou contra à aplicação de dinheiro em fundos que mais tarde geraram prejuízos milionários ao instituto.
O ex-Supervisor Financeiro, Cláudio Roberto Barbosa, foi a terceira testemunha ouvida. Ele foi questionado sobre o parecer favorável que emitiu em junho de 2013 para retirada de R$ 7 milhões do Caixa FI Brasil para aplicar em papeis menos seguros e ainda a recomendação que fez em setembro de 2016 para aplicação de cerca de R$ 66 milhões em três fundos sem liquidez ultrapassando o limite máximo de 25% de participação nas aplicações, sendo que, neste último caso, Barbosa explicou que uma carta de compromisso garantia o retorno de valores acima do teto caso o Instituto não conseguisse enquadrar o fundo. Barbosa disse que, enquanto esteve no comitê (2013-2016), emitiu dois pareceres contrários quando na proposta de investimento em ações de um frigorífico e um outro que se referia a papeis de turismo.
Em declaração à imprensa, o vereador e presidente da CPI, Wilson Pinheiro, desconfiou da confecção do possível documento de confiança. “Primeiro, essa carta não chegou à CPI, eu desconfio que ela não exista, nós não temos esse conhecimento. Segundo, se eles falaram que nunca assinaram essa carta, (e) se o superintendente assinou, a situação é mais grave ainda. Ele sabia que o negócio era ilegal, ele sabia que o governo que ele participava estava acabando, que o investimento foi final de outubro de 2016 e assinou uma carta bomba, uma carta relógio para vencer no início de 2017 e eles tinham consciência que aqueles investimentos implicariam na não renovação da CRP, que deu problemas sérios para o município de Uberlândia”, alertou Pinheiro.
A atual servidora da UFU, Núbia Aparecida Rodrigues, informou, em seu depoimento, que exerceu cargo de confiança no Ipremu entre os anos de 2008 a 2013 e que, no Comitê, participou de apenas uma reunião. Apesar do tempo, ela lembrou que o instituto tinha perfil mais conservador e que, no que diz respeito à proposta de diversificação em carteira, recomendou cautela.
Patrícia Marques de Miranda, ex-titular do Comitê também foi ouvida, mas o depoimento mais contraditório foi o do técnico em Contabilidade do instituto, Dilson dos Santos, que alegou, a despeito das afirmações dos depoentes anteriores, que as reuniões foram convocadas com antecedência pelo Comitê apenas no início dos trabalhos em 2013 e que, passado um período, tanto as reuniões quanto as pautas deixaram de ser definidas previamente, objeto esse de questionamento notificado em ata. Sobre a participação do antigo superintendente, Sr. Marcos Botelho, nas reuniões do comitê, Santos afirmou que essa presença só ocorria quando havia apresentação de algum investidor juntamente com titulares e suplentes e diretoria Executiva do Ipremu.
Emiliza Didier | Comunicação CMU