O encontro do Parlamento Jovem Minas 2025 na tarde desta quarta-feira (14), no Plenário da Câmara, foi marcado pela presença do grafiteiro Dequete, que veio a convite da professora de Geografia da rede estadual de ensino e coordenadora do Novo Ensino Médio, Sayonara Nogueira, para falar sobre a cultura e sua trajetória com a arte do Graffiti em Uberlândia. A docente tem dado suporte no conteúdo a ser apresentado e discutido no PJ deste ano e convidou o artista após um grupo de alunos apresentar como proposta a ser debatida “a transformação do Graffiti do Dequete em patrimônio imaterial”.
A abertura da palestra com os alunos foi feita pela diretora da Escola do Legislativo, Rita Virgínia Gonçalves, na companhia das assessora e coordenadora da Escola, Kênia de Rezene e Thaíz Pereira, respectivamente, que deram suporte na acomodação e no lanche para os estudantes.
Na palestra, de óculos escuro e se dizendo tímido, o artista Tiago dos Santos, conhecido como Dequete, contou sobre a trajetória pessoal com a cultura do Graffiti ainda em Belo Horizonte, cidade onde nasceu. Segundo relatou, ele viveu na periferia da capital mineira onde, junto com colegas da escola, passaram a se comunicar por meio de escritas codificadas na parede, por meio das quais, se identificavam. “Era como se a parede falasse conosco”, contou.
Nesse processo de inserção no movimento da escrita nos muros com spray, o Graffiti, o grupo de colegas se batizou, cada um, com um “novo nome”, o que se tornou o nome artístico de “Dequete”. No estágio em que estavam, já faziam artes nas paredes da escola e do bairro, nas construções da região onde moravam e no centro da cidade. A arte se espalhou e, conforme explicou Dequete, tinha a mensagem de dizer para a sociedade “que a gente existia”.
A arte do Graffiti, no contexto no qual o artista estava inserido, se relacionava às condições sócio-ambientais e políticas da periferia: uma região sem a presença política e, por isso, sem as políticas públicas direcionadas à comunidade como água encanada, fornecimento de energia elétrica e sem infraestrutura. Por causa disso, a população acabava por ter de conviver com ações e práticas nada construtivas ao redor e em cada esquina.
As expressões do Graffiti pela cidade eram uma forma deles mostrarem que viviam à margem da sociedade e queriam ser reconhecidos. A dimensão desse trabalho causou notoriedade ao grupo e chamou a atenção do público na escola de forma positiva.
Dequete contou ainda que conheceu Uberlândia em 2012 e, um ano depois, veio morar aqui, admirado com a característica plana não só de Uberlândia, mas também das cidades da região do Triângulo Mineiro. “Uma das coisas mais impactantes de Uberlândia é não ver morro, como em São Paulo, Rio de Janeiro e Belo Horizonte”, afirmou como um admirador e conhecedor das estruturas urbanas.
Sobre a cultura do Graffiti, o artista compartilhou com os jovens informações como a inserção dessa arte dentro do movimento de Hip Hop, que além de transmitir um estilo musical e de dança, representa a cultura do Rap, o MC (Mestre de Cerimônias), o Funk e o conhecimento, expressões essas de comunicação no ambiente onde vivem e com a sociedade.
Após a palestra, foi dedicado um tempo aos estudantes para perguntas e respostas, o que acabou por delinear o encontro desta tarde.
Fonte: Departamento de Comunicação (Emiliza Didier)