Os vereadores Dandara Tonantzin (PT), Murilo Ferreira (Rede) e Amanda Gondim (PDT) promoveram, na noite desta quinta-feira (04), uma audiência pública para debater sobre a volta das aulas presenciais no município de Uberlândia, entendendo, os três, a necessidade de vacinação dos educadores e servidores da rede pública de ensino para que o retorno venha ocorrer de forma segura.
A vereadora Dandara disse que o debate se faz num momento crítico, tendo em vista o aumento dos casos de infecção pela Covid-19 em Uberlândia nos últimos dias e o poder legislativo deve ouvir agora os segmentos que estão lindando com a temática para intervir no cotidiano do município. A vereadora citou um cronograma do comportamento da contaminação em Uberlândia desde o dia 19 de março de 2020, quando as aulas foram suspensas no município. Ela enfatizou que o último mês de janeiro registrou um aumento tanto dos casos de infecção quanto dos números de morte pela Covid-19.
O vereador Murilo Ferreira acredita que a garantia da vacinação para todos educadores e servidores da comunidade escolar nesse momento é o que ele chamou de “pré-requisito” para se discutir o retorno às aulas. Contudo, o parlamentar se disse otimista com os novos protocolos dos comitês de enfrentamento à Covid-19 e as possibilidades para que novas vacinas sejam habilitadas no Brasil, além da chegada de insumos para fabricação dos imunizantes que já foram autorizados pela Anvisa e contratados pelo governo federal.
Amanda Gondim disse que o tema da audiência é complexo e há uma instabilidade em Uberlândia devido ao novo decreto que restringiu a atividade comercial ao suspender o funcionamento de bares, restaurantes e vendas de bebidas das 18h às 5h e suspensão de funcionamento das lojas do centro da cidade e dos shoppings nos finais de semana. Segundo fala do prefeito de Uberlândia, é temida uma segunda onda e uma suposta nova cepa da Covid-19 na cidade.
O coordenador da rede de urgência e emergência da Secretaria Municipal de Saúde, Clauber Lourenço, participou durante um período da audiência e respondeu a algumas perguntas. Lourenço salientou que a cidade vive uma dificuldade há mais de um ano devida ainda aos alertas iniciais dos casos da infecção no mundo e que as ações de prevenção do município se dão através da testagem mais abrangente possível. Atualmente a cidade testa 28 pessoas a cada 100 mil, acima da média nacional que é de 11,3/100 mil. Esse dado apresentado é uma das principais ações do município para o retorno às aulas, que é a testagem dos profissionais da educação. Lourenço explicou que a secretaria de Saúde está auxiliando nas ações de retorno às aulas juntamente com o Comitê de Enfrentamento à Covid-19 em Uberlândia e que a Secretaria de Saúde ainda conta com o auxílio de infectologistas.
O médico sanitarista e professor da Faculdade de Medicina da UFU, Nilton Pereira, também foi ouvido e falou sobre a situação epidemiológica como um todo. Ele salientou que, de forma geral, as pandemias se comportam com gravidades maiores que as iniciais, a exemplo do que ocorre com a segunda onda na Europa. No Brasil, ele deu exemplo da situação de contaminação em Manaus, no Pará, Santa Catarina e São Paulo, referindo a um aumento de casos nessas cidades e estados. Sobre Uberlândia, o médico afirmou que o aumento de casos na cidade impacta no comprometimento de leitos também na região do Triângulo Mineiro, já que Uberlândia é referencia nos tratamentos de alta complexidade e os 92 leitos existentes do HC já não eram suficientes até o início da pandemia. Ele argumentou que a restrição da circulação ajuda a controlar a contaminação e infecção inclusive de crianças que já tinham o costume de sofrer com a incidência de infecções respiratórias nos meses de março e abril.
Perguntas e respostas
Um segundo e terceiro blocos foram abertos durante a audiência para os convidados fazerem perguntas. Pais, professores e profissionais ligados à área da educaçã se posicionaram contra a volta às aulas e o movimento Mães pela vacina disse estar colhendo assinaturas de pais contrários à proposta da prefeitura de iniciar o ano letivo em fevereiro e acionando tanto a secretaria de Educação quando órgãos de justiça para impedir que crianças e professores voltem a ter aulas presenciais.
Sobre os efeitos da infecção do novo coronavírus nas crianças, o médico sanitarista Nilton Pereira afirmou que há crianças internadas na enfermaria do hospital com casos confirmados de Covid-19, também nas UTI’s neo-natal e pediátrica, mas que não há registro de mortes ocasionadas pelo novo coronavírus na fase infantil.
Professores reclamaram da ausência da secretaria de Educação, disseram que, nesse momento os professores não se sentem seguros, outros acusam que voltar às aulas agora é negligenciar as vidas, tendo em vista casos de comorbidades que acometem colegas de trabalho. Outro ponto colocado é a não condição de manter o distanciamento social entre crianças de menor idade na sala de aula, o que pode ocasionar a transmissão do vírus também entre os adultos.
Fonte: Departamento de Comunicação CMU (Emiliza Didier(