Os membros da Comissão de Saúde e Saneamento da Câmara de Uberlândia se reuniram, na tarde desta segunda-feira (13), para discutir ações importantes para o andamento dos trabalhos, quais sejam a nomeação de um vereador suplente para ocupar o cargo interinamente de relator da Comissão, em lugar do vereador Thiarles Santos (PSL), que se encontra em tratamento hospitalar e debater sobre o tema de prevenção ao suicídio no mês de prevenção mundial às práticas da automutilação.
A reunião iniciou com a palestra da Dra. Fernanda Nocam, especialista em saúde mental. Antes de passar a fala, a vereadora Claudia Guerra (PDT) pontuou alguns dados, em que uma a cada 100 pessoas cometem suicídio no Brasil, o que ela julgou serem informações estatísticas alarmantes, além de mencionar recortes entre os comportamentos masculinos e femininos para esse tipo de prática.
Nocam comentou que, a despeito da legislação de enfrentamento ao autoextermínio e autoflagelação aprovada em 2019, todas as políticas públicas que asseguram o direito e diminuem a inequidade social e aumentam a qualidade de vida devem ser consideradas para tratar da temática em questão. Para as questões mais urgentes, a psicóloga disse que estudos têm encaminhado para o que seja “a falta do sentido da vida” para explicar comportamentos, por exemplo, de jovens e adolescentes que carecem do sentido de pertencimento a algum lugar e que “a vida cada vez mais dentro do celular” tem inibido os atos de escuta, da troca e da realização de sentir-se real no mundo. Dessa maneira, ela explicou que a subjetividade, trocada por coisas concretas (materiais), dá lugar a essa “falta de sentido”, o que leva o indivíduo a desconhecer o que passa consigo mesmo.
Ela exemplificou o entendimento acima com o acontece na Suiça, país com o maior número de políticas públicas e atendimento aos cidadãos, mas, em contrapartida, com o maior número de suicídio. Para ela, há entre as pessoas daquele país uma “falta de sentido incontestável”. Já no Brasil, a psicóloga disse que a prática do autoextermínio está associada diretamente a fatores ligados à violência, à diferença social e à falta de acesso a educação. “Pode pensar em uma política pública mais básica (no Brasil), mas não pode se esquecer da promoção de uma vida que faça sentido”, enfatizou Nocam.
A psicóloga ainda fez menção à questão da saúde do trabalhador, enfatizando que as pressões por sobrevivência e por manutenção das condições sociais leva o sujeito a perder o sentido da vida. Outra questão preocupante trazida pela psicóloga foi quando ao uso de álcool e drogas. Ela explicou que o uso, especialmente do álcool, leva a problemas depressivos, gera dependência e o uso abusivo favorece a iniciativa de se deixar a vida mais rápido.
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Funcionários e voluntários da ONG Casa da Criança e do Adolescente Cristina Cavanis participaram da reunião da Comissão de Saúde e Saneamento para falar sobre o projeto Coletivo Jovem realizado em parceria com a empresa Coca-Cola. Eles estavam acompanhados do Walquir do Amaral (SD), quem privilegia o trabalho da Paróquia Nossa Senhora de Guadalupe.
A presidente da Comissão, vereadora Gláucia da Saúde (PSDB), salientou que a reforma sanitária promulgada em 1988 estabeleceu outras áreas como determinantes para a saúde pública, além de medicamentos e médicos, que incluem o trabalho, a educação, o lazer, a inserção na sociedade, alimentação, dentre outros. Para a parlamentar, há uma necessidade de se encaminhar jovens para o mercado de trabalho, por isso é importante conhecer o projeto.
O Padre Jonas, que assumiu paróquia em abril deste ano, disse que todo trabalho realizado na instituição é feito com amor às crianças e aos adolescentes, amparando, assim, as famílias e que a Casa está aberta aos vereadores e às ajudas. Para ele, o trabalho conjunto faz de Uberlândia uma cidade mais abençoada por Deus.
Julio Cesar de Abreu Rodrigues, vice-diretor da instituição fez um breve histórico de inclusão social feito por padres italianos ao fundarem a Casa da Criança em 2001, motivados, principalmente, em ofertar ensino e conhecimento às crianças que não tinham acesso à escola.
Atualmente, a ONG atende 150 crianças de seis aos 16 anos em risco social e familiar que, para Rodrigues, precisam de apoio para encontrar caminhos de vida e na sociedade. Exemplificando as informações passadas por Nocam, Rodrigues contou que a instituição vivenciou um caso bastante emocionante quando uma criança de 11 anos que vivia em situação precária e estava desmotivada em tudo que fazia, foi fortalecida na ONG por meio de apoio espiritual e do desenvolvimento do auto conhecimento, vindo dois anos depois reconhecer que sem o trabalho da Casa da Criança certamente não teria encontrado estímulo para a vida e que a convivência e o fortalecimento de vínculos ressignificou seu viver.
O projeto Coletivo Jovem, contudo, atende jovens para o mercado de trabalho. Antes da pandemia, o projeto atendia em Uberlândia 480 jovens por ano através de redes de contato, garantindo a 70% dos inscritos no programa vagas para encaminhar currículos e se apresentarem para as empresas. Com a pandemia esse trabalho tem sido feito virtualmente.
Eder Gomes, monitor do Coletivo Jovem, disse que o programa já existe no Brasil há mais de 20 anos e em Uberlândia é desenvolvido há oito anos, mirando jovens de regiões periféricas e em situação de risco. Ele disse ainda que, com o modelo virtual, são ofertadas 26 mil vagas por ciclo de seis semanas.
Ao todo, ele diz que 256 mil jovens já foram alcançados pelos cursos oferecidos e 77 mil conseguiram uma vaga no mercado de trabalho, atendendo a critérios diferenciados, uma vez que as empresas que ofertam vagas para o projeto Coletivo Jovem não exigem desse público experiências e conhecimentos mais profundos. Um vídeo foi apresentado com depoimento de dois jovens que se inseriram no mercado de trabalho por meio do projeto e que hoje se vêem mais promissores para a atividade profissional.
Vereador Walquir do Amaral disse que conhece o trabalho da instituição e afirma que lá as pessoas são cuidadas e encontram o anseio e a resignação dos valores que estão se esvaindo na sociedade de hoje. Ivan Nunes (PP), membro da comissão, disse que se emocionou com a palestra proferida pela psicóloga Fernanda Nocam e parabenizou pelo trabalho da Casa da Criança e do Adolescente. Cláudia Guerra agradeceu a oportunidade de conhecer o trabalho da ONG e disse que a instituição trabalha com propostas iguais à da ONG SOS Mulher, entidade em que ela preside e luta pela geração de renda, qualidade vida e inserção das pessoas no mercado de trabalho. Por isso, ela ainda acrescentou que “esses momentos são propícios para fazer conexão e articulações com intuito de promover mais pessoas”.
Para quem tiver a necessidade ou curiosidade em conhecer a Casa da Criança e do Adolescente, pode entrar em contato pelo telefone: (34) 3255 5008.
Relator interino para Comissão de Saúde e Saneamento
Os membros da Comissão de Saúde e Saneamento ainda votaram, na tarde desta segunda-feira (13), pela nomeação interina de um novo relator, enquanto o vereador Thiarles Santos (PSL) se recupera em tratamento hospitalar. Por um entendimento dos profissionais do Departamento Jurídico da Câmara, a presidente da Comissão, Gláucia da Saúde (PSDB), informou que o suplente a tomar posse deveria estar em conformidade com a formação das comissões ocorrida no início deste ano, baseadas nos blocos parlamentares.
Em discussão com o Departamento Técnico-Legislativo e demais blocos, o vereador a tomar posse seria Dudu Luiz Eduardo (PROS), contudo o parlamentar declinou do cargo, por ora, por questões pessoais, sendo indicado então o nome do próximo suplente, vereador Ronaldo Tannús (PL), que aceitou a indicação. A troca foi conversada com os vereadores Ivan Nunes e Cláudia Guerra, que concordaram com a decisão, dando prosseguimento à análise dos projetos protocolados na Casa referentes à temática da Comissão.
A reunião na íntegra pode ser conferida no link: https://bit.ly/3huU28N
Departamento de Comunicação (Emiliza Didier)